quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Sobre o Estradar



Eis as estradas.
Trilhas do mundo.
Ruas, avenidas, praças.
A graça e a desgraça
Sobre um mesmo plano de fundo.

Enraizadas no mesmo chão,
Aos dentes, disputam viajantes,
Que, dali em diante,
Irão a águas vibrantes
Do mar do sim e do não.

Infestam-se de atalhos.
Dão poder ao optar não permanente.
Autorizam o "pular de galho em galho"
Ao subsequente ou a outra vertente.

Pautam-se, no geral,
Entre Claro e Escuro,
Entre Bem e Mal
Sem haver indício de muros.

Circundam todo e qualquer ser.
Do menos ao mais religioso,
Do iluminado àquele do calabouço.
Toca sem piedade no que finge nada ver.

Os caminhos aí estão.
Largos e estreitos
Simples e complexos
Sempre imperfeitos
Pondo-nos sob o reflexo
Da vida sobre um mesmo chão

Constituem um labirinto
Onde quando falta Luz
O mal guia,  conduz
Para longe do Amor infinito.

 A Boa Nova está no porvir.
Emerge em boas decisões
Está num horizonte a reluzir
Antes? Um mundo de provações.

O caminho é árduo
Muita coisa até lá.
Exige admissão de fardo
Exige a insistência no bom estradar.

sábado, 14 de setembro de 2013

Lótus-metáfora


Simbolismo. Signos aderidos pela precisão incessante do sujeito em se fazer completo. Acomodados com as múltiplas ditaduras sociais, o ser humano é vítima, evidentemente das condições “tsunâmicas” que se estabeleceram em torno dos acontecimentos históricos, e principalmente algoz. Mas não qualquer algoz. Um autoalgoz, pelas mesmas afirmações anteriores.
Opressor e retido nas próprias prisões. O ser humano tece as grades, pinta os horizontes do conhecimento com as mais árduas tintas da inércia. E ali fica. Cria raízes no retrocesso.
Cada vez mais, precisa-se depositar ânimo na sociedade.  O mais que faça, é infrutífero. Motivando, consegue-se, talvez, uma das mais difíceis tarefas morais: a almejada reforma política. Que por sinal, eu diria ainda: formatação social. Incentivar é encorajante. E ter coragem é o passo para a transcendência de que precisamos. Desfigurar camadas do pensamento, e iniciar o método da dialética como fator da vida, é o que me faz remeter às flores de lótus.   
Símbolos são álibis da pesquisa. Assim como o lótus, ascendente nas lamas profundas, seu caule cresce por meio da água turva e floresce com exuberância própria. Tal como o ser humano, volúvel e metamórfico, deve reconhecer a natureza da transmutação natural. Há quem bloqueie esse crescimento holístico, e como consequência, impedindo que se elevem e visualizem com sensibilidade a iluminação pessoal e coletiva. Mas se conseguem estabelecer um vínculo místico e evolutivo do pensamento, aí então, é possível ampliar uma correlação de linhas de todos os fenômenos implicados por nós: sementes do hoje,  prontos para germinar e trazer frutos éticos, escassos em meio ao lamaçal corruptivo e desonesto das mais densas florestas de tiranos. 






"O grito da fala que gemeu no fundo do quintal
a fogueira que se planta guerreira
no jardim da opressão
a mata que um dia mata o concreto
estrelas que estilingam interrogações ao longe
contra o império da razão...
 
Sou um gigante bocejo dum grão rebelde de terra!"
 

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

"...é carne Friboi".

O ser humano é fruto do meio. JJ Rousseau pensou isto no século XVIII, entretanto ainda hoje o homem é fruto daquilo que é dominante na sociedade. As imposições, fruto da mídia megalomaníaca, vêm acabando gradativamente com valores morais e sentimentais, nos dizendo o que comer, o que ouvir, o que cultuar, enfim, o que ser.
Somos um povo viciado em novelas (da Globo), que compra Friboi, a carne da família (da Globo), que idolatra os artistas (da Globo) e que ama o futebol (da Globo). O mundo se tornou globalizado e o Brasil virou Global.
O tempo está passando, as necessidades vão mudando e cada vez mais o que é verdadeiro está se perdendo, dando lugar aos modelos padronizados de vida. A mídia mudou o conceito de beleza. Para ser belo, é requisito obrigatório ser tal como os "capa-de-revista" que se exibem aos olhos das milhares de fãs irracionais e infantis (Sem distinção de idade) e ser belo aos olhos da nossa sociedade hipócrita se tornou obrigação para o amor em muitas pessoas. Ainda existem muitos casos de amor por aparência, e abandono de um suposto amor em detrimento da aparência.
Não vale a pena dar prioridade à beleza física imposta pela mídia atual, isso é um fato, e que só é comprovado quando sentido na pele no fim de cada história escrita pela caneta da banalidade. Isso mesmo! Cada dia mais escrevemos as páginas das nossas vidas com valores banais, fúteis e irracionais. Apanharemos, e muito, das nossas próprias atitudes isentas de sentimentos, durante o decorrer do tempo. 


Aparência por aparência, os padrões da 
sociedade Renascentista
 me agradam mais... e não é por mera fertilidade.


Cada indivíduo tem sua particularidade e suas preferências, porém a imagem vendida pelos comerciais de tevê burlam a nossa capacidade de escolha por sentimento e pensamento próprio. A alienação é uma realidade, e também me sinto alienado em diversos aspectos. Todavia, a aparência física denominada, hoje, de belo ainda não é prioridade na minha vida. Amores, paixões, prazeres, ainda ficam à frente de qualquer que seja a imposição midiática. 
Pode parecer um tanto utópico, sim, mas eu recuso e com facilidade qualquer que seja a oferta dada que seja oposta a o que existe no meu Eu. Essa reflexão vale para vermos que o Amor tem que ser maior do que qualquer possibilidade de ascender socialmente diante dos valores contemporâneos de moda. Vamos amar mais e consumir menos!


O amor supera tudo, mas só o amor de verdade, invulnerável a padrões.



Abraços.

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Desfigurando roteiros



 Orno riachos poéticos e faço deles meu destino, atalho... Destinatário.




Ir além da linguagem. (Bhodidarma)


        Dentre as viagens que realizo, certa vez me deparei com a forma graciosa de mergulhar nos cultivos do meu espírito. Foi entre ondas fervorosas e buracos negros. Descobri que é lá onde está a celestial força que me faz desbravar infinitos do meu ser. A minha mutável mania de pertencimento. Atravesso planetas de andorinhas que me fazem dançar a calmaria do silêncio e fazem dele meu par. Percorro estrelas tão envolventes quanto os serenos cantos de espanta-boiadas do vasto campo onde espero a jangada. É dessa parte que abraço mais.
        Passo entre arvoredos verdejantes que me esperam no porto do descobrimento. Mas na verdade não há um porto. São vastos; cada um na expectativa de ser cúmplice e testemunha do laço que se faz entre os cordões que cada ser humano carrega até amarrá-los num pedaço de tronco pertencente ao porto. E sabes a entidade do porto? A convivência. Ela precisa ser exagerada, não em tempo, épocas. Mas sim, momentos; a convivência precisa de intensidade pra que possamos saber se as cordas serão enlaçadas com força ou frouxas, suscetíveis a correnteza, ventania, que carregue a jangada experimental do nosso efêmero desfrute. Quando então avistei os raros riachos poéticos, soube no mesmo instante o que diria para eles em gratidão pela inspiração trocada:

- Encantamento e regalo. São as flores que eu trouxe pra cobrir tuas margens. Eu acolho teus rios, banho-me das doçuras que as águas me trazem, sou tão escorregadia que me faço água também. Deixas que eu beba de tuas águas, e te retorne na linguagem que só tu entendes, caro 'poetiglota' das nações sensíveis existentes em cada ser. Mas advirto, só por um tempo, especificamente quando leio teu curso, as marcas que deixas na trilha de seres vivos que conhecem teu destino. E qual teu destino? Onde está teu roteiro? E tu segues. No teu soberano passo em que jorras poesia cheirando os mariscos valencianos, as embarcações que ancoram na tua imprevisível água. Quando vê que são pra te agraciar enfeites do mar, trazendo notícias do bálsamo que te espera - o Senhor da luminosidade, Oceano em misticismo e símbolo em oceano - aí então tu te acalmas. Teu caminho é longo e cheio de encontros. Os mais serenos e delicados, porque tu escolhes ser água, ser instrumento de purificação. Ser natural e acolher a natureza. Carrega contigo riquezas intocáveis. Tuas. E faz mais que rio, doa um pouco de tua fonte para que eu possa amenizar minha insaciável sede pelo dom de sentir a vida. Desprende-te e me faz seguir teu curso. Sou levada pela pureza que envolve tuas águas escritas em lindas manifestações de amor e transcendência. Elevas meu ser, sabias? Faz que saiamos das conchas da vida. Estou eu aqui, fora de mim e mais dentro da minha alma. Me embriago do teu líquido. Entre risos e fascínio. Minha boemia colorida se estende pela aurora energizada de luminosas sereias. O teu instigante corpóreo volátil me encontra pelo delírio de ser no espaço do nada. O enredo só se inicia. Espero fervorosa pelo desenrolar da etérea onda que me entrelaça. Vamos adentrar no sentir a vida. Desvendar a capital do instante, poesia.

domingo, 11 de agosto de 2013

O botão.

                                                               Siga o que indica a imagem.

O medo retorna, medo da sensação morna da ameaça de explosão. A mãe chora, lembrando das suas crianças mudas telepáticas, que se foram naquelas cenas dramáticas. Suspiram com choro, suspiram de solidão.
A lembrança ruim assola o mundo, nunca se sabe o que vai acontecer pela fachada ou pela porta do fundo, nem se sabe mais de onde o mal é oriundo. Mundo imundo!
Um garoto lembra de sua prima, que, cega inexata, brincava pelo parque. A menina, natural de Hiroshima, não sofreu mais porque morreu 3 dias antes de perder o pai em Nagasaki.
Os polos que controlam nossos passos só se enchem de ódio e tratam a vida como a briga pelo pódio. Enriquecem o povo de alienação, socam informações predefinidas em nossos crânios, enquanto nas usinas só se priva o urânio, ou qualquer outro elemento que possa fazer o mal com o toque do ser desumano.
O botão está de volta! A volta de uma guerra de gelo, possível antecedente de uma briga catastrófica, quase que um pré-genocídio. Esse botão não se toca, parece que tem casa sem espelho, insiste na guerra tóxica, merecia viver em presídio.

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Segundo prefácio das viagens



Namastê! 


Surjo de um dos meus Universos pra dizer sobre as canções da minha alma. Entre a meada do fio, Gabriel, um poeta, artista transformador de mundos, me dá as honrarias de compartilhar ideologias numa rede livre, que transborda sensibilidade e delicadeza. Portanto, gratidão, amigo! Por me agraciar com um espaço onde exponho também minhas viagens. E como não se encantar com elas? Viajar é um ato tão instigante. Sair de si e experimentar as energias renovadas de romper a capa. Estar exposto pra vivenciar o que antes era desconhecido. Viajar é mar. Horizontalmente começo a ganhar espaço ao passo que abranjo minhas conquistas em formato manual, ganhando areias. Minhas águas em extensão. 

E logo depois, recolho o que consigo absorver do atemporal movimento das marés do meu ser, que anseia por dinâmicas viagens, essas que me trazem até aqui. E mais que isso, viajar é sinônimo de jornada. Fazê-la é também percorrer universos do meu íntimo. E por que não dizer que uma das razões de existir seja constantemente realizar viagens internas, onde paisagens são modificadas conforme nossa aura muda de cor, pensamentos e gostos. Que venham surpreendentes, emocionantes e extraordinárias viagens nos misteriosos infinitos do pensar poético!

Avante, cosmonautas! 

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