terça-feira, 13 de maio de 2014

Indo(mar)vel


Indo ao encontro do mar.
Ser do mar.
Não domar nada...

 Inspirando poesia pela brisa, acendo vivacidade nas minhas palavras.

Sou muito mar...
Do mar, eu amo tudo.
 Mas nada quero domar.

Ser selvagem encanta muito mais.

Acho inebriante a maneira que as águas silvestres enfeitiçam sereias.
Até mesmo elas, tão cheias de si, tão metidas a domadoras, caem na corrente do mar conquistador.

Que mania de dominação!
Essa soberania ilusória de um povo ínfimo.
Diante da vastidão do universo, acreditam mesmo nessa patética ideia de posse. 

Represar não leva ninguém a lugar nenhum.
Não leva as águas a lugar algum...

Diga-me, o que é água sem movimento?
Enrijecida, não faz sentido e nem é sentida na sua dinamicidade e fluidez.
Vida empedrada, cristalizada, engessada... Não vive.

O mar me ensina muito.
Eu me [re]aprendo o tempo todo:

Acho que entendo...
Recuo em crise...
Volto a achar que entendo
Recuo em crise...
Acho que entendo mais...
Recuo em crise...
Vai e vem... mas sempre mais, sempre mar.

Ondas de uma metamórfica aprendiz
Enfim e sem final,
Nunca domar. 








quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Ouça.


Ouça, ouça....ouça.
Ouça os sons...
Pare, não se mexa.
Simplesmente, ouça.

O barulho do ventilador
O canto dos pássaros
No desenrolar de laços,
Um grito de dor.

A cadeira arrastando
As teclas digitadas
As infinitas zoadas
Do universo cotidiano

O ranger dos dentes
O chiar da chuva
O sofrer das agruras
Da vidas, da gente.

As gota d'água caindo
O bater das louças
O Universo chorando
E clamando: Ouça!

Ouça a construção
Ouça a divindade
Ouça a dimensão
Da plena espiritualidade

Ouça o concreto
O chão, o teto a rua
Ouça a minha e a sua
Consciência de correto.

Ouça, para depois falar
Ouça, para melhor falar
Ouça para quando falar
Saber falar o ouvir.

Escute o som que transcende
Escute a luz que se acende
Ouça o som que vem dos montes
E que na alma se prende.

Absorva o conhecer
Ouça o entrar e o sair
Ouça sem querer
Mas nunca deixe de ouvir

NUNCA (!) deixe de ouvir
Nunca esqueça os sons da alma
Do espírito que entoa palmas
Do pensar e do existir.

O tectonismo do coração
Entoa a partir de pulsos
Faz dos males, todos expulsos
Ao que é ruim, apura a subversão.

Então, ouça seu pulsar, pulse!
Sinta a expressão do mar
Criando correntes de bom ar
Dentro do transcender das nossas luzes.

E dê valor aos sons.
Eles também hão de te escutar
E, de tão belos e bons,
Um dia irão acabar.


domingo, 12 de janeiro de 2014

Minha Lua, meu cariri, meu pau-de-arara




Desmancham minha liberdade de viver no Mundo da Lua, como se eu fosse louca ao ponto de parar de habitar essa Estrela tão sã. 
Vai, diz-me o rumo certo que a minha subjetividade possa seguir, se ela mesma não possui pista, régua, nem chão pra se limitar. 
“O que eu sou?”, disse meu irmão caçula, quase que inconscientemente. Expondo livre e surpreendente nu, seu pensamento puro, quando minha mãe intimou a fazer o que foi mandado. 
Diz. O que sou? Até mesmo quando me coloco universal e pleno na busca do autoconhecimento, ainda assim, não posso ser. 
E então, o ser humano, responde, quase que num flash, e indaga tão sereno que nem mesmo a barreira da coerência lógica no manual de como responder a um chamado, foi capaz de fazer muro.
E agora, com a mesma audácia destemida, vem e me revira a abandonar a minha Estrela, que talvez seja o único lugar natural e límpido da iMundice do Mundo. 
Sou nomeada, codificada Ailla, (até nisso, rotulada por imposição do que já existia antes mesmo de nascer). E por mais quimérico que possa parecer. Um dos significados do nome: Aura da Lua.
Só que não posso passar por essa afronta sem tentar ao menos, desfigurar o significado, que sempre ronda e cutuca a menina de aura lunar. Fui desafiada. E se me chamam a fechar a porta da minha Estrela, se impõem esse enquadramento, então meu retorno custará na  persistente indagação.
Se eu não posso caminhar em direção ao Mundo da Lua, desvenda então, o trilhar do Mundo da Terra!

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Entre pés da alma, calos de poesia




Pés dizem tanto...
Esse membro 
Monótono possui marcas temporais da existência.
 Como o calo de uma noite festeira.
Do necessário uso diário da roupa de que se veste.
Seja ela o próprio corpo envolvido pelo mistério e nudez.

Calçados são tapeações 
Pra admitir que o que realmente se calça não são os pés,
Mas a caminhada traçada
Por obstáculos a serem enfrentados
No mais pífio dos dias.
Olhá-los me faz discernir que me revelam.
Descrevem-me.
Desmascaram-me da cabeça aos mesmos.
Reflete o mais claro de minha alma.

Pensar em meus pés como guias 
É considerar a simplicidade que envolve minhas trilhas.
Gosto da ideia de que são reflexos do meu ego, que me conduzem.
Mas gosto ainda mais da notoriedade que os cerca.
 De vê-los sem faces, peles, sem máscaras.
Repletos de calos, cicatrizes e feridas.
Como meu ser.

Mas sempre de olho no que vem,
Na tenacidade de que preciso para transcorrer os entraves e pedras.
E sempre em frente.

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